terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Primeira vez dos Jackson Five em jornal de Gary em 1965

Primeira vez que os Jacksons apareceram no jornal - Gary - 1965



[Raridade] Em 1965, o grupo The Jackson 5 aparecem pela primeira vez como notícia em um artigo publicado pelo jornal nacional da cidade de Gary (Indiana)


O artigo faz referência ao concurso anual ''Busca de Talentos'' realizado no estádio Gilroy, onde os Jackson 5 ficaram classificados em primeiro lugar

Fonte: MJBeats

Entrevista com Bruce Swedien - Engenheiro de som

Entrevista com Bruce Swedien


Uma entrevista com Bruce Swedien, amigo pessoal e engenheiro de som dos álbuns de Michael Jackson por longo tempo.


Como é trabalhar com o Rei do Pop, Rock e Soul? Como você descreveria uma típica sessão de gravação com Michael Jackson? 

- Bem, em muitas das canções que produzi com Michael, por exemplo... é maravilhoso, nós decidimos em que pedaço da música vamos trabalhar e eu então meio que começo a trabalhar um pouco sozinho, e então dou uma fita a Michael assim que consigo fazer o ritmo. Mas ele vem e fala: "Tá legal, mas vamos fazer assim...".Então e eu volto e trabalho na faixa um pouco mais. é meio assim, vai-e-volta.

Michael é tão profissional, é tão incrível trabalhar com ele. Fazer os vocais é demais. Ele tem ouvidos muito bons para tons. Michael é educado e carinhoso. Assim, ele diz: "Posso ouvir um pouco mais do piano nos fones de ouvido, por favor?". E então ele agradece. A indústria da música é um lugar onde você não costuma ouvir muito essas palavras. Essa é a razão pela qual eu totalmente respeito Michael, e por toda a qualidade musical.

Então... normalmente ouvimos uma música, ou uma "demo", e daí vamos decidir se a gravamos ou não. A partir daí, vamos atrás dos músicos e vamos fazer os arranjos e gravar. Então encaixamos a voz de Michael ou tentamos estruturar tudo para ver como fica e tudo mais, e assim que conseguimos estruturar tudo certo e encaixar a voz dele, começamos a "adoçá-la", terminando tudo. 

Fale um pouco mais do jeito que Michael grava e como ele se relaciona com as pessoas com quem ele trabalha:

- Nunca encontrei alguém que tenha trabalhado com Michael e que não tenha considerado isso uma experiência prazerosa. É muito fácil de lidar com ele no estúdio. Quando gravamos os vocais, raramente há mais que quatro ou cinco "takes" para a voz guia. Então a gente senta e dá uma arrumada, mas é pouca coisa. Eu tenho uma plataforma no estúdio, de madeira, uns 20 centímetros acima do chão. Michael fica nela. E ele canta e dança. 

E eu adoro ter o som dessa plataforma, porque o ritmo dele é impecável, e até mesmo quando eu faço sons de fundo, Michael faz pequenos sons e estala os dedos e bate o pé. E eu deixo isso na gravação. 

Uma vez, para um de meus seminários, fiz um pequeno mix dos background vocals de The Way You Make Me Feel e tirei todos os instrumentos para que a platéia pudesse ouvir todos os sons, e como eles se encaixam em toda a canção, porque quando você coloca o ritmo você mal pode ouvi-los. Mas eles estão lá, e são uma parte muito importante. 

Eu odiaria gravar com Michael e fazer o que chamo de "incisão cirúrgica", tentar fazer uma limpeza anti-séptica ou algo assim. Acho que perderia o charme. 

Trabalhar com Quincy Jones [que produziu Off the WallThriller e Bad] e Michael tem sido realmente uma experiência maravilhosa, não só porque trabalhamos muito bem juntos, mas porque somos muito amigos e porque formamos um time, e nossos votos contam igualmente. É assim que funciona, é fácil e nos divertimos muito gravando Off The Wall, Thriller e Bad.

Fonte: MJ Beats



| Sexta-feira livre: No estúdio com Michael Jackson |

''Foi incrivelmente divertido trabalhar no álbum Dangerous. Era Michael sem Quincy Jones e todos nós fomos capacitados a descobrir novas coisas durante sua produção. 

Grande parte do álbum teve suas sessões gravadas no Record One Studios em Sherman Oaks, usamos alguns outros estúdios, mas o Record One foi a nossa base. O estúdio era como uma casa, tem sala de estar, lareira, cozinha, restaurante e uma cozinha enorme que frequentemente preparávamos algo para comer. Em nosso cardápio, a refeição favorita era assas de frango, e Michael sempre estava junto a nós, ele literalmente amava essa simples iguaria, frita e com muito molho!

Todas as sexta feiras, o chefe de Michael vinha até o estúdio para celebrarmos uma sexta-feira em família. A produção do álbum parava para o encontro especial com seus familiares; esposas, filhos, convidados se juntava a nós em um grande banquete, e Michael estava com nós sempre atento e ouvindo a nossas piadas - dando risadas, se divertindo!. Posso dizer que, sexta-feira era o melhor dia no Record One!

| Relato de Brad Sundberg, o engenheiro de som que trabalhou com o 'Rei do Pop' por 18 anos. Na foto,Michael JacksonBruce Swedien, Brad com esposa e filha durante o 'Friday Family'




O engenheiro de som Brad Sundberg que trabalhou com o 'Rei do Pop' por 18 anos, nos revela uma curiosa história sobre Michael Jackson e seus fones de ouvido.

''Quando você trabalha no estúdio com Michael Jackson, os fones de ouvido são um elemento muito importante. Antes mesmo do mundo conhecer os famosos' Beats by Dre', tínhamos como regra três critérios para um fone de ouvido: ser bom e confortável de usar, capaz de lidar com volume alto e ser durável o suficiente durante as sessões de gravações.

Considerando todos esses critérios, quando trabalhei com Michael, ele adorava que seus fones de ouvido tivessem um volume alto, e quando digo, alto quer dizer algo como... ensurdecedor!

Se você nunca trabalhou em um estúdio de gravação, saiba que, a principal razão dos cantores usarem fones de ouvido é para que eles possam ouvir a sua música, a sua voz, enfim, esse problema de Michael e os fones tornaram-se um desafio para nós. Ele falava: ''Brad ... meus fones de ouvido não soam como eu gostaria ... como eu posso conseguir outro? E então lá iria eu atrás de outro par de fones porque 'ele tinha queimado'.

Agora, encontrar um fone para ouvido que seguisse os três critérios como disse anteriormente era um outro desafio. Tentamos vários modelos como AKG e Sennheiser e finalmente, descobrimos a solução: Fostex T20. Michael colocou imediatamente no último volume ''eu gosto de música alta'' disse. Sim, ele amou o fone T20, e o par de fones!

| Então se você quiser ouvir uma música de Michael Jackson e sentir a sua experiência de estúdio, compre o par de fones Fostex T20.






O Sabbath para MJ

Minha Infância, Meu Sabbath, Minha Liberdade





Um Texto escrito por Michael Jackson

''Em uma de nossas conversas, meu amigo, o rabino Shmuley me falou que ele tinha pedido a alguns de seus colegas - escritores, pensadores e artistas - para escrever sobre as reflexões deles sobre o Sabbath.

Ele então sugeriu a mim que escrevesse minhas próprias opiniões sobre o assunto, um projeto que achei intrigante e oportuno, devido ao recente falecimento de Rose Fine, uma mulher judia que foi minha querida tutora, que viajou comigo e meus irmãos quando todos estávamos no Jackson Five.

Quando as pessoas assistem às aparições na televisão que fiz quando eu era um garotinho - de 8 ou 9 anos e apenas começando minha longa carreira musical - elas viam um pequeno menino com um grande sorriso. Elas assumem que aquele garotinho está sorrindo porque ele está feliz, que ele está cantando com o seu coração porque ele está alegre, e que ele está dançando com uma energia que nunca acaba, porque ele é tranqüilo.

Mas enquanto cantar e dançar era, e sem dúvida alguma continuam a ser, uma das minhas maiores alegrias, naquele tempo, o que eu queria mais que qualquer outra coisa, eram duas coisas que fazem da infância os melhores anos da vida, que são brincar e o sentimento de liberdade. 

A maioria do público tem ainda que realmente entender as pressões de ser uma celebridade quando se é criança, o qual, enquanto excitante, sempre tem um preço muito caro. Acima de tudo, eu queria ser um garotinho normal. Eu queria construir casas nas árvores e ir a festas de patins.

Mas muito cedo, isso se tornou impossível. Eu tinha que aceitar que minha infância seria diferente da maioria das outras. Mas foi isso que sempre me fez pensar em como seria ter uma infância normal. Havia um dia na semana, entretanto, em que eu podia escapar dos palcos de Hollywood e das multidões das salas de show. Esse dia era o Sabbath. Em todas as religiões, o Sabbath é o dia que permite e faz com que aqueles que têm fé escapem do dia-a-dia e foquem no que é excepcional.

Eu aprendi algo sobre o Sabbath judeu em particular com Rose, e meu amigo Shmuley, mais tarde, me deixou claro como, no Sabbath judeu, as tarefas diárias de preparar o jantar, fazer compras na quitanda e aparar a grama são proibidas para que a humanidade possa fazer do normal o extraordinário, e do natural o milagroso.

Até mesmo coisas como fazer compras ou acender as luzes são proibidas. Nesse dia, o Sabbath, toda pessoa no mundo tem que parar de ser normal. Mas o que eu mais queria era ser normal.

Então, no meu mundo, o Sabbath era o dia em que eu podia escapar da minha vida específica e dar uma olhada no dia-a-dia. Os domingos eram os meus dias de "Pioneering", o termo usado pelo trabalho missionário que as Testemunhas de Jeová fazem. Nós passávamos o dia nos subúrbios do sul da Califórnia, indo de porta em porta ou então dando volta nos shopping centers, distribuindo a nossa revista Watchtower. Eu continuei com esse meu trabalho por anos e anos, depois que minha carreira tinha sido lançada.

Até 1991, a época da Dangerous Tour, eu colocava meu disfarce com roupas largas, peruca, barba e óculos e ia para a vida na Terra da América diária, visitando shoppings e casas nos subúrbios. Eu amava entrar em todas aquelas casas, ver aqueles tapetes puídos e as cadeiras La-Z-Boy, com crianças jogando Banco Imobiliário, as avós cuidando dos bebês e todas aquelas maravilhosamente normais, e para mim, mágicas cenas da vida.

Muitos, eu sei, falariam que tudo isso não é grande coisa. Mas para mim, elas eram altamente fascinantes. O que é engraçado é que adulto algum tenha suspeitado quem era aquele estranho homem com barba. Mas as crianças, com sua intuição extra, sabiam logo de cara.

Como o Flaustista Mágico de Hamlin, eu me via seguido por oito ou nove crianças, na minha segunda volta no shopping center. Elas meseguiam e cochichavam e davam risadas, mas não revelavam meu segredo aos pais. Elas eram meus pequenos ajudantes. Ei, talvez você tenha comprado uma revista de mim. Agora você fica imaginando, certo?

Os domingos eram sagrados por duas outras razões, enquanto eu crescia. Eles eram tanto o dia em que eu ia à igreja e o dia que eu passava ensaiando o máximo. Isso pode parecer contra a idéia do "descansar no Sabbath", mas era o jeito mais sagrado que eu podia passar o meu tempo: desenvolvendo os talentos que Deus me deu. A melhor maneira que eu posso imaginar de mostrar o meu agradecimento é fazer o máximo do dom que Deus me deu.

A igreja era algo bom também. Era, outra vez, a chance para eu ser "normal". Os colegas de igreja me tratavam do mesmo jeito que eles tratavam todo mundo. E eles nunca ficaram incomodados nos dias em que o fundo da igreja se enchia de repórteres que tinham descoberto meu paradeiro. Eles tentavam recebê-los. Apesar de tudo, até mesmo os repórteres são filhos de Deus.
Quando eu era jovem, minha família inteira ia à igreja juntos, em Indiana. À medida que fomos crescendo, isso foi se tornando difícil, e minha notável e verdadeiramente santa mãe algumas vezes acabava por ir até lá, sozinha.

Quando as circunstâncias faziam com que fosse cada vez mais difícil para eu ir, eu ficava aliviado com a crença de que Deus existe no meu coração, na música e na beleza, não apenas em um prédio. Mas eu ainda sinto falta do sentimento de comunidade que eu tinha lá – eu sinto falta dos amigos e das pessoas que me tratavam como qualquer um deles. Simplesmente humano. Compartilhando um dia com Deus.

Quando eu me tornei pai, toda minha idéia de Deus e do Sabbath foi redefinida. Quando olho nos olhos de meu filho, Prince, e da minha filha, Paris, eu vejo milagres e eu vejo a beleza. Todo simples dia se torna o Sabbath. Ter filhos faz com que eu entre nesse mágico e sagrado mundo de todo momento do dia-a-dia. Eu vejo Deus nas minhas crianças. Eu falo com Deus através delas. E sou humilde pelas bênçãos que Ele me deu.

Houve épocas em minha vida quando eu, como qualquer um, duvidei da existência de Deus. Quando Prince sorri, ou quando Paris dá risadinhas, eu não tenho dúvidas. As crianças são os presentes que Deus nos deu. Não - elas são mais que isso - são a própria forma da energia, criatividade e amor de Deus. Ele deve ser encontrado na inocência, experimentado na alegria delas.

Meus dias mais preciosos quando eu era criança eram aqueles domingos em que eu podia ser livre. É isso que o Sabbath sempre foi para mim. Um dia de liberdade. Agora eu acho essa liberdade e magia em todos os dias, no meu papel de pai. O incrível é que todos nós temos a habilidade de fazer com que todo dia seja o precioso dia de Sabbath.

E nós fazemos isso nos dedicando às maravilhas da infância. Nós fazemos isso dando nosso inteiro coração e mente àqueles pequenos seres que chamamos de filho e filha. O tempo que passamos com eles é o Sabbath. O lugar onde acontece isso é chamado Paraíso.'' 

Tradução de Luis Fernando Longhi para a MJ Beats

Fonte: MJBeats

Taj fala do seu tio Doo Doo

Taj fala do seu tio Doo Doo

Taj Jackson compartilhou uma de suas melhores memórias do seu tio Doo Doo.
"Se você me perguntasse qual era uma das minhas melhores lembranças com meu tio Michael, a primeira resposta que me vêm à mente seria,"Huis Ten Bosch"
A história é rápida .... meus irmãos e eu estávamos visitando meu tio Michael noJapão. Todos nós fomos convidados a visitar o parque temático Huis Ten Bosch. Não vou entrar em muitos detalhes porque a maioria destas memórias são muito especiais para mim e eu quero mantê-los perto do meu coração. No entanto o que eu posso dizer é que nunca os quatro de nós riu tanto... Nós só estávamos agindo como bobo e fazendo os outros rirem naquele dia.
Durante anos depois ainda se falou sobre a viagem. De fato, sempre que o meu tio precisava animar-se, tudo o que tínhamos a fazer era falar ''Huis Ten Bosch'', e ele ria novamente. Essa é uma das coisas que eu mais vou sentir falta sobre o meu tio. Fazendo-o rir ou sorrir. Ele tinha uma grande gargalhada. Um riso que fazia você rir de volta. Essa viagem foi puramente mágica e eu nunca vou esquecê-la."



Foto original tirada pelo sobrinho de Michael, Taj Jackson durante o passeio ao parque Huis Ten Bosch— em Nagasaki.

Motorista de MJ na Dangerous Turn conta algumas histórias com MJ



O texto que você irá ler a seguir, são passagens selecionadas do livro 'Baby You Can Drive My Car', de Keith Badgery, traduzidas com exclusividade no Brasil para a Edcyhis.

Badgery foi motorista do Rei do Pop durante a Dangerous World Tour e nos revela aventuras, bem como momentos de intimidade de nosso ídolo, com quem o motorista acabou tendo uma breve amizade e por quem mantém todo o carinho. 

Os momentos de tensão da turnê, com a eclosão do escândalo Jordan Chandler, são mencionados com discrição e o próprio nome do garoto, referido apenas como “o amigo”, não é mencionado. No entanto, o drama do fim da turnê também é visto de seus bastidores.

Baby, You Can Drive My Car

O avião apareceu e, a meu redor, a imensa multidão começou a se mover. “É ele!” gritou uma voz de algum lugar do fundo da confusão. O grito ecoou para outro fã: “É ele! É ele!”. A excitação era palpável quanto mais e mais membros da multidão se uniam ao coro: “É ele! É ele! É Michael! Michael! Michael!”

Havia milhares de pessoas cercando o aeroporto naquele dia de 1992 em Munique, quando o maior pop star do mundo começaria sua segunda turnê solo. E embora a multidão fosse bem comportada, havia um tipo de antecipação frenética cercando todos nós, inclusive a mim, quando o avião trazendo Michael Jackson pousou. Michael não é apenas um dos maiores artistas do mundo, mas também um dos mais misteriosos e nós íamos realmente vê-lo em pessoa. Mal eu sabia que eu estava prestes a começar uma breve amizade com o homem e dar uma olhadinha nos bastidores de uma lenda viva do show business.

Voltando àquela época, era junho e o começo da Dangerous Tour de Michael, uma turnê que bateria recordes mundiais e o estabeleceria mais firmemente do que nunca como o maior performance da era. Foi um empreendimento espantoso. A primeira data da turnê era o dia 27 de junho no Estádio Olímpico de Munique, quando Michael se apresentou frente a uma multidão de 72 mil pessoas que esgotaram os ingressos. 

A turnê estava destinada a durar um ano e meio, terminando na cidade do México, em novembro de 1993 e, embora alguns dos shows tenham sido cancelados devido à saúde de Michael, ele se apresentou em 67 concertos para aproximadamente 3 milhões e 500 mil pessoas. Nisso, ele doou todos os lucros para a caridade, incluindo sua própria fundação Heal the World, e seu concerto em Bucareste foi vendido por 20 milhões de dólares para a HBO. Isto criou outro recorde mundial: a maior audiência em qualquer canal de TV a cabo – 34% – rendendo o Cable Ace Award. O palco era fenomenal: levava 3 dias para ser montado e aviões de carga tinha que carregar 20 caminhões de equipamento para cada país.

Quanto a mim, eu estava prestes a embarcar em uma das mais excitantes aventuras da minha carreira. Eu passaria meses como um dos motoristas de Michael e, quando seu avião taxiou pela pista, parou e foi instantaneamente cercado pela escolta policial, eu mal podia me conter. Nem a multidão podia. Os gritos de “Michael, nós amamos você!” se uniam e cresciam até soarem como um rugido; parecia que o chão tremia. Isto, no entanto, não foi nada comparado ao momento em que a porta do avião se abriu e Michael apareceu vestido em seu costumeiro uniforme militar e máscara vermelha, acenando para os fãs; o barulho que a multidão fez deve ter ecoado em cada árvore da floresta da Bavaria. 

A segurança deu um jeito de conter as hordas em êxtase, mas eles basicamente tinham uma massa histérica nas mãos. Eu tenho guiado para alguns dos maiores nomes no negócio, mas eu nunca vi nada como a reação do público a Michael Jackson.

No começo, eu não tinha nada a ver com Michael pessoalmente. eu dirigia para os seguranças dele no terceiro carro da comitiva, enquanto Michael costumava ir em um micro-ônibus customizado luxuosamente equipado para refeições e repouso. Contudo, desde o começo, eu podia dizer que ele não era um superstar comum. A todo lugar que nós íamos, o tráfego era bloqueado para sua chegada, escolta policial o conduzia através da cidade e a multidão ficava absolutamente louca. Porém, nós não tínhamos escolta entre as cidades, o que poderia causar um incidente potencialmente grave.

Na Alemanha, Michael estava na van e outro motorista, Stan, e eu estávamos seguindo-o em dois carros. De repente, meu alkie-talkie soou: “Keith”, disse Stan, “o que é isso vindo atrás de nós?”
Eu olhei no retrovisor e, primeiro, vi o que parecia ser umas duas motos. Então mais algumas se juntaram a elas e mais algumas até que fossem várias dúzias em perseguição – subitamente, percebi que estávamos sendo perseguidos por uma gang de 40 ou 50 motociclistas alemães. “Eu não gosto disso, Stan”, eu disse no meu walkie talkie, “Melhor a gente apressar o micro-ônibus”.

Os 3 motoristas pisaram nos aceleradores, mas as motos estavam ganhando e não demorou até nos cercarem. Mais um pouco e eles foram intercalando as motos entre nossos carros para nos separar. A situação estava ficando muito assustadora. Então, escutei meu walkie-talkie de novo: “Vamos fazer o seguinte”, disse Stan, “Você chega o mais perto possível do acostamento do seu lado e eu faço o mesmo do outro lado. Daí nós ficamos bem atrás do ônibus de Michael em um ‘V’ e podamos as motos”. Nós fizemos exatamente isso e funcionou; as motos foram forçadas a diminuir. Eles ficaram furiosos, gritavam xingamentos para nós, cuspiam e tentavam entrar no meio da gente de novo, mas, desta vez, não deixamos. Eu mantinha meu carro a exatamente 5 cm atrás do ônibus de Michael e Stan dirigia exatamente 5 cm atrás de mim até os motociclistas cansarem da perseguição e irem criar confusão em outro lugar. Michael estava dormindo na hora; ele nunca soube o que tinha acontecido.

Eu ainda não tinha propriamente encontrado Michael, entretanto, e foi só por causa de um quase desastre, pelo qual eu pensei que seria demitido, que nós realmente nos tornamos amigos. Michael estava em Roma e queria ir para Florença ver um quadro que ele pensava em comprar. Mas havia cerca de 2 mil fãs em frente ao hotel e não seria fácil tirá-lo do hotel e colocá-lo na estrada. Assim, a segurança dele bolou um plano. Vários carros estacionaram em várias saídas do hotel, enquanto o carro oficial de Michael e a escolta policial pararam na frente. A escolha de qual carro seria usado seria feita no último minuto. De repente, ouvi meu walkie-talkie: “Keith, vai ser seu carro”, disse o chefe de segurança. “Fique pronto. Nós estamos indo até você”.

E abri a porta do carro e num instante Michael Jackson estava do meu lado. Eu empurrei a ele e a um amigo para dentro do carro, enquanto a filha do promotor do show foi na frente, ao meu lado. Levou só alguns segundos para Michael ir do hotel para o carro, mas no segundo em que ele foi avistado, os gritos subiram e, um momento depois, o carra estava cercado de fãs.

Havia dois seguranças na nossa frente: eles deram um jeito de abrir caminho em meio à histeria para que pudéssemos passar. Mas, quando eu estava prestes a me mover, Michael colocou a mão no meu ombro. “Pare!”, ele gritou, “Alguém pegou o chapéu do meu amigo!” Eu parei, mas não gostei nada. “Não é seguro, Michael”, eu disse, enquanto a segurança fazia sinais frenéticos para nós. “Em uma multidão dessas, tudo pode acontecer”. Eu comecei a sair de novo. “Não vá!”, Michael gritou, “Eu quero aquele chapéu!” A segurança estava ficando maluca. “Qual é!!”, gritou um deles, enquanto a multidão rugia e surgia a nossa volta. “Comece a andar! Você tem que ir!” “Eu consigo outro chapéu para você”, disse a garota no banco do meu lado. “Por favor, Michael, nós temos que ir agora”.

Michael finalmente concordou e assim, bem quando as pessoas estavam começando a pular em cima do carro, nós fomos embora. O plano era fazer uma série de curvas à direita para voltarmos à frente do hotel e nos encontrarmos com a segurança, mas o tráfego estava tão pesado que nós tivemos que virar à esquerda em uma rua de uma mão e pegamos o caminho errado.

Eu não podia voltar de jeito nenhum, então, com a mão na buzina e faróis piscando, eu passei pelo engarrafamento. Daí eu fiz mais algumas curvas à esquerda… e me dei conta de que estava totalmente perdido, para completar, eu tinha Michael Jackson no banco de trás do carro e nenhum segurança para protegê-lo. Primeiro, eu dirigi um pouco mais, mas não estava nada bom. Não encontrava nada: eu tinha que admitir que eu estava errado. “Eu estou perdido”, eu disse.

“Tudo bem”, disse Michael com sua voz suave, “o que nós vamos fazer?”

A garota sentada ao meu lado não estava encarando as coisas tão calmamente. “Volte para o hotel!”, ela gritou, “Você não pode dirigir por Roma com Michael e sem nenhum segurança. E se alguém o reconhece? Poderia ser uma calamidade!”

Fazia sentido. Michael Jackson é uma das pessoas mais fáceis de se reconhecer no planeta e a histeria que o cerca é tal que, mesmo que seus fãs não queiram machucá-lo de modo algum, existe um risco real de violência. Além disso, desde o terrível assassinato de John Lennon em 1980, em Nova York, toda estrela teve que ser mais cautelosa. Os Beatles podem ter pensado que eram maiores do que Jesus, mas Michael foi, possivelmente, maior do que os Beatles naquele ponto de sua carreira. Era preciso tomar uma decisão rápido.

“Michael”, eu disse, “o que você quer que eu faça? Eu podia ir para Florença e nós podíamos procurar pelos outros carros lá?” Michael hesitou. “Eu acho melhor nós voltarmos para o hotel”, ele acabou dizendo e assim eu virei o carro e nós fizemos o caminho de volta. Michael estava muito calmo na situação, mas eu acho que eu podia sentir que ele estava ficando um pouco tenso. 

Eu acabei achando o caminho de volta, mas agora eu tinha um novo problema. Michael estava deitado no chão do carro quando nós chegamos no hotel para que os fãs não pudessem vê-lo e cercá-lo, mas nós estávamos a uns bons 9 m da entrada do hotel, um caminho que estava bloqueado por 6 filas de carros estacionados, sem segurança nenhum à vista. “Não tem jeito, Michael”, eu disse, “nós vamos ter que correr no meio deles. Se prepare!”

A garota ao meu lado foi na frente para avisar o hotel. Eu dei a volta e abri a porta de Michael. Michael pulou do carro, eu passei um braço ao redor dele e usei o outro para afastar a multidão, que quase teve um ataque de histeria quando viu que ele estava no carro afinal. Nós corremos no meio dele, passamos pela porta giratória do hotel e então um segurança a travou… e eu vi que o amigo de Michael ficou preso do lado de fora. “Deixe ele entrar!”, eu gritei e o amigo conseguiu passar antes da multidão.

Eu fui direto para o meu quarto fazer minhas malas, porque eu tinha certeza que ia ser mandado para casa depois dessa mancada. Um pouco depois, meu chefe entrou. “O que você está fazendo?”, ele perguntou. “Arrumando as malas. Eu vou para casa, não vou?”, eu disse. “Você está brincando?”, meu chefe perguntou, “você conseguiu trazê-lo para o hotel a salvo sozinho. Normalmente, precisaríamos de 9 seguranças para isso. Michael está muito aliviado por estar de volta e ele está falando muito bem de você”.

E foi assim que eu comecei uma breve amizade com um dos homens mais gentis que já conheci na vida. Quanto mais eu o conhecia, mais eu entendia que, embora Michael Jackson fosse um artista e um homem de negócios brilhante, o que as pessoas dizem dele é totalmente verdadeiro: ele perdeu a infância e nunca conseguiu superar isso. A despeito de sua esperteza para os negócios, há um tipo estranho de vulnerabilidade nele, que quase faz você querer abraçá-lo e dizer a ele para se cuidar… e olha que eu não sou um homem sentimental.

Michael ama brinquedos e lojas de brinquedos. Onde quer que nós fossemos, por toda a Europa, se nós víssemos uma loja Toys R Us em qualquer cidade, nós sabíamos que nós acabaríamos lá. Quando nós estávamos em Londres, Michael fez uma visita a Hamleys, a famosa loja de brinquedos da Regent Street, e também à loja da Disney na mesma rua. Cada uma tapou suas janelas para quele pudesse olhar tudo privadamente. Ele gastou milhares de libras em brinquedos. Particularmente, ele ama kits ilusionistas e ele também comprou alguns carros de controle remoto, que ele guiava para cima e para baixo nos corredores do hotel Dorchester. 

Quando ele saiu das lojas, o porta-malas e a rack em cima do carro estavam cheios de brinquedos. Tirando alguns poucos especiais que ele quis para ele, todos foram parar em hospitais infantis, como ele fazia em toda cidade que visitava.

Onde quer que Michael fosse, máquinas de pinball e jogos de computador eram instalados antes de sua chegada. Uma vez, ele viu um carrossel do qual gostou em uma cidade da Alemanha. Ele o comprou e o mandou para Neverland. Ele também tinha um amigo com ele na turnê, e tendo vista esta amizade de perto, eu posso testemunhar pelo fato de que, em momento algum, houve o menor sinal que fosse de algo impróprio nisso.

Todo mundo sabia que o amigo de Michael estava com ele e todo mundo aceitava isso sem questões. Nossa única reserva era que Michael estava dando oportunidade para insinuações maldosas e, de fato, foi isso exatamente o que aconteceu no ano seguinte, quando foi alegado que ele tinha relações impróprias com jovens adolescentes. Frequentemente, se esquece que sequer uma gota de evidência foi produzida para embasar aquelas alegações.

Tendo conhecido o homem, eu não acreditei naquelas alegações e não acredito nas de agora. Para começar, Michael é um homem tão genuinamente gentil que eu simplesmente não acredito que ele seja capaz das ações pelas quais foi acusado. Em segundo lugar, quando eu estava trabalhando para ele durante a Dangerous Tour, a atitude dele perante seu amigo me fazia pensar simplesmente em um irmão mais velho. Ele pode ser um gênio musical, mas Michael Jackson, muitas vezes, tem ele mesmo a mentalidade de uma criança e é por isso que ele ama brincar com crianças. O fato que ele agora tenha duas crianças dele mesmo – Prince Michael Jackson Jr. e Paris Michael Katherine Jackson – deve ser a maior coisa do mundo para ele, porque agora ele pode demonstrar seu amor por brincadeiras de criança com sua própria prole.

Mas a despeito de sua imensamente amável e gentil personalidade, todos em volta de Michael tem medo dele por causa de quem ele é. Michael tem consciência disso, mas não sabe exatamente o que fazer a respeito. 

Os problemas eram relatados a ele por meio de Bill Bray, seu chefe de segurança, que estava com ele há 30 anos, porque as pessoas simplesmente não ousavam dizer a Michael quando algo não tinha saído conforme o planejado. Parece que, quanto mais famoso você é, mais as pessoas têm medo de você. Eu entendo porque eles dizem que se é solitário no topo. Bill é uma das poucas pessoas que não tem medo de Michael e seja quando fosse que ele contasse a Michael de outro caso de alguém escondendo algo dele, Michael dizia todo confuso: “Mas por que ele não vem me ver pessoalmente?” Por alguma razão, embora eu estivesse muito excitado para encontrá-lo, eu não estava com medo dele. Eu o tratei normalmente. Talvez seja por isso que a gente tenha se dado tão bem.

Logo de início, ele ficou fascinado com meu sotaque “cockney” [um modo de falar do leste de Londres, principalmente das áreas mais pobres, em que trocam as palavras por outras que rimem com elas] e começou a tentar imitá-lo. “Olá, cara, como vai?”, ele dizia ao entrar no carro. “Olá, Michael, como vai?”, eu respondia tentando imitar a voz dele – baixa e suave – do que ele achava muita graça.

“Ei, cara!”, ele dizia.

“Sim, Michael?”

“Fale-me das gírias ‘cockney’ que rimam”.

Eu falava. Por alguma razão, Michael estava muito interessado nisso e me fez começar a ensiná-lo. “Qual é a rima ‘cockney’ para ‘escadas’ ['stairs']“, ele perguntou.

“‘Maçãs e pêras’ ['Apples and pears']“.

“Qual é a rima ‘cockney’ para ‘terno’ ['suit']?”

“‘Assobio e flauta’ ['Whistle and flute'].”

“Qual é a rima ‘cockney’ para ‘dinheiro vivo’ ['cash']?”

“‘Linguiça e batatas’ ['Bangers and mash']?”

“Ai, cara! Isto é uma doideira!”

E por aí afora, por horas. Eu acabei comprando um livro sobre o assunto para Michael, que ele absolutamente amou. “Que ótimo, Keith, muito obrigado”, ele disse quando eu entreguei. Ele sentava no carro folheando por horas, rindo quando ele via algo de que gostava particularmente. Um dia, ele virou para mim e anunciou: “Eu estou sentado em uma ‘metida’ ['Lah-Di-Dah']!”

“Repete, Michael?”

“‘Metida’ ['La-Di-Dah']“, ele pronunciou triunfantemente, antes de revelar: “É um carro!”

Michael era muito interessado nas cidades que nós visitávamos. Quando nós estávamos instalados, ele tendia a ficar no quarto dele, porque ele não podia ir a lugar algum sem ser cercado, mas quando nós estávamos chegando no lugar ou no caminho para o show, ele se mostrava muito intrigado por aqueles países, que eram tão diferentes do dele. Por alguma razão, ele ficou particularmente impressionado por Copenhage. “Você gostaria de viver aqui, Keith?”, ele me perguntou.

“Não sei, Michael. Nem vi direito”.

Ele pensou um pouco e falou: “Eu quero ir ao Trivoli Park”.

Assim, depois dos concertos, nós arranjamos uma visita para ele ao Trivoli Park, o maior parque de diversões de Copenhage, foi no último dia da estada dele. A visita aconteceria em um domingo e os preparativos foram de última hora, porque nós não queríamos atrair as hordas usuais que cercam uma entrada e passam a tarde lá. Michael estava extremamente entusiasmado com a coisa toda.

O entusiasmo dele se transformou em espanto e então em desapontamento quando ele chegou lá, porque o portão lateral se abriu mostrando bandos de fotógrafos, fãs e uma banda. A primeira inclinação dele foi virar as costas e nós precisamos de uns bons 15 minutos para convencê-lo a ir a despeito de tudo, mas, uma vez lá dentro, ele começou a se divertir. Eu o levava de carro de uma atração para outra (ele não poderia caminha entre elas porque seria cercado) e suas reações eram iguais a de uma criança entusiasmada. “UAU! Isto foi incrível”, ele dizia cada vez que entrava no carro. “Eu amei isso!” Ele adorou tanto um brinquedo em que você fica girando até não poder mais que insistiu em ir duas vezes e me pediu para ir com ele também.

“Eu não posso, Michael, eu tenho que olhar o carro”, eu disse a ele.

“Ah, Keith, você é sem graça”.

Como de costume, no entanto, não demorou nada para se espalhar o boato de que Michael Jackson estava no parque e multidões começaram a se aglomerar. Relutantemente, Michael decidiu que ele tinha que ir depois de uma hora lá e não passar toda a tarde como planejado. Então nós conseguimos um motorista local para nos levar até as lojas que vendiam souvenirs militares na cidade. Michael amava aquelas coisas. Ele passou cerca de duas horas em uma delas, comprando mais dos uniformes reluzentes que ele ama usar.

Michael fez aniversário durante a turnê e nós preparamos uma festa para ele no pátio do hotel em Frankfurt. Nós fizemos churrasco e as pessoas relaxaram ao sol no gramado, depois cantamos “Parabéns a Você” em serenata. Michael não foi ao churrasco, porque, toda vez que ele aparecia em público, ele era sitiado por fãs, mas alguém levou um pedaço de bolo para o quarto dele. “Isso foi realmente gentil”, Michael disse. Depois, ele foi à sacada e compartilhou o bolo com fãs [o episódio foi narrado por fãs sortudos, que chegaram a entrar no quarto de Michael, em pôster promocional vendido no Brasil à época].

Quando nós voltamos para a Alemanha– para Hamburgo – Michael e eu estávamos nos dando bem como nunca. Nesta época, eu, como o resto do pessoal, tinha adquirido meu próprio mini fã-lube: 3 garotas (uma italiana, uma alemã e uma espanhola). A italiana se chamava Claudia, a alemã, Greta e a espanhola, Anna. Em Hamburgo, nós algumas vezes passeávamos de barco por uma hora, quando eu não estava escondido no hotel.

De volta ao hotel, eu estava tomando liberdades às quais outras pessoas não se arriscariam. Um dia, eu fui nadar, mas encontrei dois seguranças de Michael guardando a porta da psicina. Eu deduzi que Michael estava lá e me virei para ir embora, mas os homens fizeram sinal para mim. “Tá tudo bem”, disse um, “ele conhece você”.

Eu entrei. O amigo de Michael e a família dele estavam nadando na piscina, enquanto Michael caminhava pela beira, usando um par de fones de ouvido. Ele ergueu uma mão em reconhecimento de minha presença. Depois disso, em sua volta seguinte pela piscina, eu fiz de conta que ia empurrá-lo dentro dela. Primeiro, Michael pareceu um pouco espantado, mas em seguida ele achou absolutamente hilário e teve um ataque de riso. Ele continuou a andar, mas continuou a olhar para mim, fazendo movimentos de empurrar. Eu devo pensar que eu fui a primeira pessoa a se comportar assim com Michael Jackson em muitos anos.

Eu devo confessar que também armei umas poucas brincadeiras. Michael tinha quatro quartos adjacentes no primeiro andar do hotel e eu tinha o quinto (não adjacente). Os fãs sempre descobriam em que suíte Michael estava e esperavam do lado de fora, na esperança de darem uma olhadinha nele. 

De vez em quando, Michael colocava as cortinas de lado e aparecia, o que prontamente resultava em um rugido de reconhecimento da multidão. Então, eu comprei um par de luvas brancas, uma das marcas registradas da vestimenta de Michael na época, e, de vez em quando, eu colocava minhas cortinas de lado e ficava bem longe da janela, de modo que só minhas mãos podiam ser vistas. Os fãs não sabiam que o último quarto não era do Michael e, por isso, eu ganhava meu próprio estrondo de reconhecimento – mesmo que fosse destinado a outra pessoa.

De vez em quando, a turnê de Dangerous dava razão a seu nome, particularmente, na Romênia. Michael voou para Bucareste, mas 3 de nós fomos requisitados para dirigir os 3 carros principais pelo país e encontrá-lo lá. Disseram-nos para cuidarmos de ter o carro cheio de pacotes de batata frita, garrafas de água, Coca-Cola e assim por diante, porque, não importa quando um carro parasse, ele seria imediatamente cercado por moradores do local. Isto foi absolutamente certo. 

Uma vez, eu parei em um posto de gasolina (que, por sinal, não tinha gasolina nenhuma) e as pessoas apareceram literalmente do nada. Elas estavam se amontoando ao redor do carro e só foram embora depois que eu atirei pacotes de amendoim pela janela. A mesma coisa aconteceu quando eu parei no cruzamento de uma rodovia com uma estrada de ferro (eu tive que parar lá, porque não havia portões, luzes e nenhuma indicação de se o trem estava vindo ou não).

O problema seguinte era gasolina: não havia nem um pouco. Os outros 2 motorista e eu encontramos vazios todo posto em que paramos e nós 3, de alguma forma, encostamos em Bucareste de tanque vazio. Lá, nós descobrimos que os postos de gasolina atraiam as filas mais enormes, em que você tinha que esperar, literalmente, por horas. É uma prática comum em Bucareste você contratar alguém para passar o dia na fila por você, ir trabalhar e voltar só no final do dia para encontrar o carro abastecido.

Porque nós trabalhávamos para Michael, a polícia nos escoltou para a frente da fila, o que não pegou muito bem com os habitantes locais, e uma garotinha veio abastecer meu carro. Ela parecia tão doce que eu dei a ela uma foto autografada por Michael. Seu rostinho acendeu completamente quando ela olhou a foto: era como se eu tivesse dado a ela uma bolsa cheia de ouro. Depois de um momento, ela me devolveu. “Não, não, é sua”, eu disse. Ela olhou para mim maravilhada e cuidadosamente escondeu a foto.

Michael estava hospedado no palácio Snagov Lake, a residência de verão do presidente Nicolae Ceausescu até ele ser assassinado em 1989. Ceausescu podia ter caído, mas o estado de desordem permanecia: havia dois prédios no composto e nos disseram para dirigir entre eles, em vez de andar. Também nos disseram para não passarmos pelos portões depois de escurecer. O lugar estava vigiado com guarda armada – na verdade, adolescentes carregando, e havia muito medo que alguém poderia, de repente, escorregar o dedo no gatilho.

Era um cenário estranho. No dia seguinte, eu perguntei ao chefe da segurança onde eu poderia lavar meu carro: “Venha comigo”, ele respondeu. Ele me levou para uma construção repleta de jovens maltrapilhos, que eu percebi, depois de um tempo, serem prisioneiros de guerra. Eles limparam o carro para mim, mas, para que fizessem isso, eu tive que abrir o porta-malas para eles. Estava cheio de Pepsi, água, amendoim, salgadinhos… A expressão no rosto deles foi de absoluto espanto ao verem tanta abundância dentro do carro e eu senti tanta pena deles que nem tentei pará-los quando umas poucas latas e pacotes sumiram em segundos.

A enorme humanidade de Michael foi mostrada mais obviamente quando ele fez uma doação de 1 milhão de dólares para um orfanato da Romênia chamado “Orfanato Número Um”. A triste situação dos órfãos da Romênia, muitos dos quais tinham sido abandonados ou tinham HIV positivo, tinha sido destaque no noticiário recentemente. Michael tinha fica extremamente aflito ao ver fotos das crianças sofrendo, assim ele decidiu fazer a doação como um modo de ajudar.

No dia anterior à visita dele, eu fui ver o orfanato e fui encontrado nas escadas por Richard Young, um conhecido paparazzo. Um garoto de seis anos tinha grudado nele e esta carregando suas malas pelo lugar, enquanto, a nosso redor, trabalhadores lavavam as paredes para a visita de Michael.

“Venha, eu vou te mostrar o lugar”, Richard me disse.

“Eu não tenho certeza se eu aguento”, eu disse a ele.

“Nós não iremos para as partes ruins”, Richard me assegurou e então nós fomos. Foi muito aflitivo. Em uma sala com 30 ou 40 camas, a primeira coisa que você nota é o absoluto silêncio. Mesmo quando você fala diretamente com os bebês e tenta brincar com eles, eles apenas olham para você com um olhar perdido. Eu não suportei depois de um curto período e fui forçado a sair.

No dia seguinte, era a vez da visita de Michael. O palácio ficava a cerca de 30 minutos de Bucareste, mas, no começo, não tivemos problemas: nós tínhamos 20 ou 30 policiais nos escoltando de moto e, pelo menos, 10 carros. Todos os cruzamentos tinham sido bloqueados com antecedência. Nós chegamos à cidade com multidões acenando para um altamente animado Michael no banco traseiro, mas, conforme nós nos aproximávamos do orfanato, a multidão ficou tão grande que o carro foi forçado a diminuir para o passo de um caramujo. Alguns policiais foram então derrubados de suas motos; eles prontamente se levantaram e começaram a bater na multidão com seus cassetetes.

“Por que eles estão fazendo isso?”, perguntou Michael, sem acreditar no que seus olhos viam.

“Eles precisam abrir caminho”, eu repliquei.

“Mas não há necessidade de fazer isso”, ele insistiu. Ele estava tão bravo e chateado e, se tivesse um jeito dele sair do carro e colocar um fim na violência, eu estou absolutamente certo de que ele teria feito isso. Depois, nós soubemos que a multidão era composta de 40 mil pessoas.

Uma vez dentro do orfanato, Michael passou algumas horas olhando o lugar e, embora muito comovido pelo sofrimento que ele viu, ele estava muito contente por poder fazer a doação. Mais tarde, ele me disse que não sabia como este gesto pareceria tão grandioso para o povo da Romênia, que eu acredito, ainda falar nisso hoje em dia.

E então, é claro, aconteceram os shows. Supostamente, a capacidade seria de 60 mil pessoas, mas devia haver duas vezes este número lá. Michael fez sua costumeiramente brilhante apresentação, mas o que chamou minha atenção foram os arranjos dos bastidores. Toda comida ficava trancada e, tomando conta, ficava um guarda armado.

No nosso último dia, aconteceu uma coisa muito especial. O pessoal do Michael arranjou para que várias centenas de soldados e oficiais da polícia se reunissem em um parque. Então Michael chegou. As tropas, algumas a cavalo, começaram a marchar com Michael a frente: depois de um minuto, começou a correr e as tropas o acompanharam com uma expressão completamente séria em suas faces. E assim, nas horas seguintes, Michael caminhou, conversou, correu e dançou ao redor das tropas marchando em um dos momentos mais interessantes que tenho visto em uma turnê. Eu ganhei o dia quando ele dançou perto de onde eu estava e acenou para mim.

Michael era extremamente generoso com todos na turnê e havia mais de uma centena de nós. Em Munique, havia um grande parque temático chamado Parque Europa e Michael alugou uma tarde para o pessoal todo. Ele e seus amigos foram também; o tema era o estilo Velho Oeste, com fazendas e um bar estilo saloon. Eles foram a todas as atrações junto conosco. Personagens da Disneylândia saltitavam no meio de nós, falando com a gente e fazendo festa para Michael.

Michael sempre se certificava de que todos estavam recebendo atenção. Embora ele não tenha comido lá, o jantar foi servido para nós. Algumas vezes, ele se misturava com a gente em outros lugares, contanto que ele tivesse certeza de que não seria cercado por uma multidão. Na Alemanha, uma vez, nós ficamos em uma casa grande em vez de um hotel, o que era ótimo porque tinha uma pista de boliche em miniatura. Como só nós estávamos hospedados lá, Michael se sentia confortável para descer para o bar e dizer um “alô” para todo mundo, embora, ao contrário do resto de nós, ele não se deliciava com a famosa cerveja alemã.

Michael era muito mais tolerante com nossas fragilidades humanas normais do que a maioria das pessoas teriam sido. Na Escócia, ele se hospedou em uma casa, enquanto nós ficamos em um hotel a pouco mais de um quilometro de distância – um hotel que provou ser totalmente inadequado. Nós pedimos se podíamos nos mudar para outro hotel e Michael concordou. 

Enquanto a mudança acontecia, nós fomos convidados para a casa onde Michael estava, onde nos ofereceram comida e bebida, além de jogos de cartas e outras diversões. A bebida fez efeito rápido, de modo que, quando Michael ligou, por volta das 22h00, dizendo que ele queria que um de nós saísse para comprar frango frito, nenhum de nós tinha condições de ir. “Olhem para vocês”, disse um assistente, “vocês são motoristas dele e nenhum de vocês têm condições de dirigir”. Michael levou a coisa toda muito numa boa e ligou para um táxi buscar o lanche tardio para ele.

Antes do início de cada show, Michael tinha um encontro com as crianças locais. Ele era muito amigável com elas: ele respondia questões, assinava autógrafos e posava para fotos com seus jovens fãs. As crianças absolutamente amavam isso, elas se entusiasmavam como qualquer um por encontrarem Michael Jackson. Quando nós voltamos para Londres, meus filhos, Michael de 5 anos e Sheryl de 4, foram convidados para o encontro e ficaram tremendamente animados com a expectativa.

Na ocasião, o show foi cancelado porque Michael teve uma dor de garganta, com isso, o encontro com as crianças foi cancelado também. Meus filhos ficaram amargamente desapontados, mas entenderam que essas coisas acontecem. Outro membro da equipe, contudo, descobriu que minhas crianças estavam desesperadas para encontrar Michael e ficaram horrivelmente chateadas por terem perdido a oportunidade. Eu não sabia que Michael tinha ficado sabendo de alguma coisa até ele aparecer um dia com duas fotos autografadas. “Eu sei que isto não compensa o fato do encontro ter sido cancelado, mas, pelo menos, é alguma coisa”, ele disse ao me entregar as fotos. Eu olhei nas fotografias e ele tinha escrito nelas: “para Michael, com amor, Michael Jackson”; “para Sheryl, com amor, Michael Jackson”. Eu fiquei particularmente tocado com isso, porque, normalmente, Michael só escreve “Michael Jackson” nas fotografias e muito raramente coloca uma mensagem pessoal.

Quando viajava distâncias maiores, Michael costumava pegar um avião ou o Expresso do Oriente, dependendo da vontade dele no momento, enquanto os outros iam dirigindo até o novo destino. Isto aconteceu no final da minha participação na turnê, quando Michael estava se apresentando em Istambul, de modo que, infelizmente, eu nunca tive a chance de dizer adeus.

Michael ia chegar de avião na cidade, enquanto eu dirigia uma Mercedes atrás do micro-ônibus cruzando a Turquia, e foi enquanto eu estava a caminho da capital do país que eu tive o primeiro indício de que a Turquia não seria como os outros países pelos quais nós tínhamos dirigido. Um carro apareceu atrás de mim e, depois, passou e fechou a mim e ao micro-ônibus, assim eu o segui estrada abaixo para mostrar que ele não podia se safar com esse tipo de comportamento. De repente, o carro parou e um homem desceu. Eu ia ter uma palavra com ele quando ele, subitamente, apontou uma arma para mim. Eu voltei para a van e foi a última vez que eu persegui qualquer carro na Turquia.

Quando chegamos a Istambul, nós todos nos encontramos com Michael e nos instalamos no hotel, onde nós recebemos o luxo de costume: comida servida a qualquer hora, quartos bonitos e assim por diante. No entanto, Michael não estava nem um pouco bem e, depois de muita conversa, foi decidido que ele não deveria fazer o show, mas sim voltar para Londres e se recuperar. 

Eu o levei para o aeroporto e tive alguns problemas com a polícia no caminho: um carro tentou me forçar a sair da estrada, pensando, sem dúvida, que seria uma grande sacada causar problemas para Michael Jackson, enquanto isso, outros ficavam me podando. Foi uma experiência sórdida: meu para-brisa foi esmagado e foi com alívio que eu deixei Michael no avião. Michael nunca fala muito nessas ocasiões, mas ele ficou claramente aliviado por ir embora…

A princípio, os shows foram simplesmente adiados até Michael se sentir melhor e não era de conhecimento geral que ele tinha de fato deixado o país. Depois de alguns dias, contudo, ficou claro que Michael ainda não estava melhor e que os shows teriam que ser todos cancelados. Isto nos trouxe um problema. A Turquia é um belo país, mas, como eu já tinha descoberto, a vida é mais áspera lá do que na Europa Ocidental. Eu não era o único a ter feito esta descoberta, assim, havia preocupação sobre como os promotores do show reagiriam quando eles descobrissem que Michael tinha ido embora e não voltaria.

Por fim, e, eu acredito, sabiamente, foi decidido que o melhor seria todos nós irmos embora antes que o anúncio oficial fosse feito. A equipe de Michael começou a deixar o hotel aos poucos e nós nos revesávamos para transportar as pessoas ao aeroporto. Quando terminamos, nós tínhamos que tirar a nós mesmos e aos carros da Túrquia e assim nós terminamos em disparada pelo país em 3 Mercedes com vidros escurecidos. Por sorte, eram bons carros, porque a polícia tentou nos parar algumas vezes e, cada uma delas, nós fugimos simplesmente acelerando mais.

Nós estávamos ainda nervosos mesmo depois de cruzarmos a fronteira com a Crécia, mas, quando nós voltamos para a Europa Ocidental, nossos nervos se acalmaram e a vida voltou ao normal. Logo depois de eu estar novamente reunido com minha família, os 4 meses e meio que eu passei na estrada com Michael pareciam apenas um sonho. 

No decorrer daqueles meses, Micahel fez 41 shows e eu assisti cada um deles. As aberturas foram os momentos mais incríveis que já vi em um palco, e eu já vi quase de tudo. Era um estouro musical dramático, que crescia em intensidade junto com flashbacks de Michael através dos anos. Então as luzes diminuíam, a música se tornava incrivelmente frenética e o palco, de repente, explodia em fogos de artifício quando o próprio Michael era lançado do chão como de uma “torradeira”, uma coisa que rendia manchetes pelo mundo todo. A multidão ficava absolutamente ensandecida. Michael ficava absolutamente imóvel por ainda um minuto – e é preciso uma quantia extraordinária de carisma para poder ficar de pé sozinho no estádio segurando uma multidão de milhares – então, subitamente, ele se virava e mantinha sua posição por mais um minuto enquanto a multidão explodia de novo. No fim do concerto, ele ia embora usando uma mochila com um foguete – outra coisa nunca vista antes.

E assim foi meu tempo com Michael Jackson: um gênio da música, um homem verdadeiramente bom e gentil e, por um muito breve período, um amigo. Eu estou muito feliz por ele ter seus próprios filhos agora e só desejo felicidades para o futuro dele. Quanto à sua música e suas apresentações, eu só posso citar o que outra pessoa disse em um contexto muito diferente – baby, você é o melhor.

Eu me encontrei com alguns outros membros da família ao longo dos anos e, para ser honesto, eles não chegam aos pés de Michael. A primeira foi La Toya, sua irmã mais nova (sic.), que eu encontrei descendo o Concorde com seu marido e empresário, Jack Gordon. 

Certamente, eu reconheci Latoya imediatamente e, mesmo que não tivesse reconhecido, teria sido óbvio que ela era uma estrela. Latoya absolutamente ama a atenção que ela recebe e estava jogando com a multidão com tudo que podia: tremulando os cílios, saçaricando, colocando e tirando os óculos escuros e, em geral, bancando a estrela. Jack estava se debatendo com a bagagem atrás dela, então eu fui ao encontro dele: “Sr. Gordon”, eu disse, “deixe-me ajudá-lo”. Imediatamente, ficou claro que eu tinha cometido um erro ao falar com ele sem apresentar um cartão de visitas, como de praxe. Ele olhou para mim de um modo muito desconfiado. “Eu te conheço?”, ele disse em um tom que podia facilmente valer como uma cortada.

“Não, senhor, nós não nos conhecemos. Mas, desde que o senhor está logo atrás de um membro da família Jackson, que eu reconheci por ter visto aproximadamente 18 mil 243 fotos nos jornais e sabia que ela era casada com o empresário e que o empresário se chamava Jack Gordon, foi bastante óbvio que o senhor seria ele. E é, não é? O senhor é este Jack Gordon? E o senhor está acompanhando Latoya Jackson, que tem um irmão ainda mais famoso do que ela chamado Michael, com quem eu recentemente passei alguns meses e que tem mais cortesia na unha do dedo mindinho do que a demonstrada pelo senhor? Agora, eu vou levá-lo para Londres, como me pagaram para fazer. E posso adicionar que sua esposa está usando maquiagem demais mesmo.”

Realmente, eu não disse nada do tipo. Eu apenas peguei as malas deles e engoli. Mas, com certeza, eu pensei aquilo.

Eu também encontrei Jermaine (sic.) Jackson – muito brevemente – quando eu fui chamado para encontrar a ele e à sua família no Conrad Hotel, em Chelsea. Jermaine se mostrou um homem descente e educado. Ele e a família tinham acabado de comer e me ofereceram um sanduíche, que eu gratamente aceitei, porque você pode ficar horas e, algumas vezes, até dias sem comer na minha profissão. 

A família então foi para o quarto se trocar, enquanto eu quis esperar do lado de fora. Aí, eu esperei, esperei… e esperei… Finalmente, depois de 2 horas, um serviçal apareceu. “Desculpe por isso”, ele disse, “mas eles decidiram não ir mais”.

“Ninguém podia ter me avisado?”.

“É que… errr… eles esqueceram você aqui”, disse o serviçal e voltou para dentro.

“Então tá”, eu pensei, “obrigado pelo sanduíche…”

Tradução de Andrea Faggion